Cunhado, no domingo de manhã, bate na porta do quarto e pergunta se a gente vai com ele e uma "pessoa" até à feira da República.
Por um momento eu me deixo levar pela preguiça, é verdade. Ainda pergunto se está muito sol, se está muito quente, enfim..... o caso é que
o Ricardo não me deixou preguiçar não me deixei levar pela preguiça e fomos com ele. Aproveitando também pra achar algum presente pra uma amiga que fez aniversário e nos convidou pra um churras no sítio dela.
A feira da República, pra quem não conhece, é uma feira que tem "de um tudo um pouco"
e um monte de bicho grilo.
Não queria dar pra a nossa amiga, aquelas bandejas
cafonérrimas não-ecológicas de asa de borboleta, nem aquele porta-retratos de gosto duvidoso. Ficou combinado que assim que víssemos algo legal, levaríamos.
Assim que entrei em um pedaço da feira, logo me chamou a atenção uma barraca que tinham camisetas pintadas e com poesias. Não sei se é pq adoro camiseta, adoro pintura e mais ainda poesia, o fato é que as 3 coisas juntas, me chamaram à atenção.
Ainda assim, rodamos mais um pouco. Paramos na banca das camisetas:

Eliná Coronado, é uma pessoa dessas ditas, inesquecíveis. Tenho certeza que eu posso estar velha, casada ou não, caduca ou não, mas mesmo assim, vou me lembrar dela.
Ela é culta, inteligente e nem por isso é pedante.
Ela é calorosa e nem por isso é pegajosa.
Se eu pudesse, ficaria horas lhe escutando a declamar os poemas.

Ela é advogada de formação e artista (julgo eu), por missão. Acredito que as palavras tenham muita força. Por isso às vezes sou tão veemente em xingar.... ahahahahahahaa.
Mas sério. As palavras pra mim, tem poder, mesmo. Levá-las então no peito, diz muito não só sobre o que vc pensa, vc espalha pensamentos e é no pensamento que tudo começa antes de se tornar ação.

Estávamos em dúvida, de qual levaríamos pra Thaís. É difícil de escolher. Não bastasse a Eliná ter escolhido poemas lindos pra escrever, ainda tem que fazer desenhos uns mais lindos do que outros? Só pra dificultar mesmo a escolha.......
Ficamos em dúvida entre dois: Ode de Ricardo Reis, de Pessoa e o Isto ou Aquilo de Cecília Meireles:
Ela, logo que chegamos na banca dela, contou uma história sobre uma cliente dela e esse poema, que me emocionou muito. De verdade.
Faço o convite à vcs, que conheçam a Eliná e a sua arte. Vai ver que eu não me apaixonei por ela à toa.
Deixo aqui os contatos dela, autorizados por ela, que ela escreveu no papel:
Pça da República
3214-5166
Daí ela me pergunta se podia escrever algo pra mim.....
ela escreveu uma oração budista muito poderosa e ainda:
"O inverno não falha em se tornar primavera".