17 de jan. de 2008

DEUS CASTIGA?

Se eu fosse um pouco realista narcisista, eu diria como muitos : "eu só atraio loucos/bizarros/sitações pitorescas".

Acontece que eu até entendo o motivo de algumas coisas curiosas me acontecerem: minha curiosidade, meu interesse e principalmente, o contato visual que estabeleço com as pessoas. Em uma cidade tão populosa e tão individualista como São Paulo, viramos todos carentões à espera de um sorriso amigável e/ou um olhar direto nos olhos.

Como disse, sou dessas pessoas que estabelece contato visual. Se a minha vida dependesse de eu eu desviar o olhar de um leão faminto em plena África, essa hora eu estaria mortinha-da-silva.

Daí que uma faxineira, de um lugar que eu frequento e não te interessa saber onde é e não tem a menor importância de saber onde é esse lugar, veio me contar que sofreu um furto na casa dela. Ela dizia "roubo", mas na verdade foi um furto porque o ladrão entrou quando ela não estava lá.

Ela me dizia que os policiais lhes disseram , que o ladrão era alguém conhecido e antigo morador de lá, pq não houve arrombamento. Depois, disseram pra ela, que sendo ela solteira e tendo uma filha moça, tinha sorte do ladrão não entrar lá pra consumar um roubo e sabe mais lá Deus o quê. Ela me contou também que uma das vizinhas dela, disse ter visto uma semana antes do fato, um homem bem apresentável rondando a porta. "E ela nem me disse nada... e se fosse uma visita?".

Argumentei com ela que, se talvez a vizinha falasse alguma coisa, ela talvez interpretasse como abuso da vizinha saber o que se passa na casa dela. E é assim que muitos roubos, furtos e etc poderiam ser evitados e não são: medo dos outros taxarem a gente como fofoqueira(o).

Falei que eu concordava com a polícia e disse que ela deveria agradecer a Deus por nada de pior ter acontecido. Que a fé dela, talvez fez com que nada pior tivesse acontecido.

Ela me disse que era evangélica e que pensou que isso aconteceu, pq ela estava há 1 mês sem ir na igreja.
Perguntei pra ela, se ela pensava que isso fosse um castigo de Deus e ela me respondeu que pensou isso sim.

Ao invés de eu usar o famoso "mas se Deus é amor, ele quer o seu bem",eu resolvi usar minha terapia breve, bizarra e quase instântanea os meus métodos nada convencionais:

"-Minha senhora, com tanta criança com câncer nos hospitais, a senhora acha mesmo que Deus está mais ocupado em castigar a senhora pq a senhora não aparece há um mês na igreja? E com tanto castigo bom de dar pra senhora, tipo quebrar suas pernas, a senhora acha que perder um computador e uma televisão é castigo que se dê? Não seja tão convencida que Deus tá olhando assim a sua carteirinha de frequência: ele tem mais o que fazer, tem problemas DE VERDADE pra resolver, ok?"

Ela me olhou.... parece que raciocinou e senti que ela ficou aliviada da culpa de não ir na igreja.
Pra mim, minha "missão" foi bem sucedida.