27 de jan. de 2008

MÉDICOS DE VERDADE

Lendo este post aqui da minha irmã, a qual há duas semanas estávamos eu e ela desesperadas pelo meu sobrinho e mais uma pessoa daqui em vias de ser examinada e receber uma ótima ou uma péssima notícia, decidi contar um pouco dos médicos de verdade que passaram pela minha família.

Já digo que não somos uma família de hipocondríacos. A ponto de eu amanhecer com rubéola e meu pai dizer que " as pintas que eu tinha na cara, era intoxicação pq eu só comia besteira o dia todo".

Enfim.

Dr. Odorino Breda (nome peculiar, não é mesmo?), é um clínico geral. Conhecemos ele pq ele é irmão do nosso pediatra. Com o passar do anos, com aquelas doenças típicas da infância, frequentamos mais o consultório do Dr. Odorino.

Assim que eu voltei pro Brasil, então contava 8 anos indo pros 9, eu e meu irmão, tivemos uma grande desidratação. Pudera, saímos de um frio quase negativo e chegamos aqui no dias de 40º.
E o consultório do Dr. Odorino era curioso.

Dr. Odorino nessa época, calculo que já tinha uns 72 anos de idade. Escrevia todas as receitas à máquina de escrever pra que nem o paciente nem o farmacêutico, tivessem dúvidas na prescrição. A máquina era antiga, a mesa tb, o estetoscópio também..... ele.... tudo. Mas tudo ultra conservado.

Ele "perdia" tempo examinando a gente por inteiro. Tudo. E inclusive, disfarçadamente do nosso pai e da nossa mãe, perguntava se a gente tava bem, se a gente tava triste, se tinhamos algum problema e não tinhamos com quem conversar. Julgo que ele entendia que (diferente dos outros médicos), nós somos um conjunto de corpo e emoção.

Claro que ele não errava um diagnóstico sequer. Tudo o que ele receitava, era bem eficaz.

Uma vez, meu irmão mais velho, foi até lá. Nem sei o que ele tinha, lembro apenas dele nos contar, que estava com febre, dor de estômago, sei lá. Foi no Dr. Odorino. Chegando lá, o Dr. Odorino, o examinou meticulasamente como fazia. Depois, ficava olhando um tempão pra cara da gente, sem dizer nada.....

Daí ele levantou e como de costume, foi em direção ao armário de remédios que ele tinha. Aqueles móveis que parecem uma cristaleira. Disse pro meu irmão que ele ía providenciar o remédio que ele precisava e ... sacou um livro:

"Como fazer amigos e influenciar pessoas"

E deu pra ele. Meu irmão ficou mais ainda com cara de besta e perguntou se ele não ía dar nada. Ele apenas respondeu dizendo que a solução pra doença dele, estava ali naquele livro.
Meu irmão saiu sem dizer nada, leu o livro e melhorou.

Com certeza, Dr. Odorino é dessas pessoas que entendem o ser humano em sua totalidade. Ele é um catedrático da USP e com certeza sei que ele influenciou muito outros futuros médicos a olharem os seus pacientes com carinho, sem pressa de diagnosticar remédios.

Menção honrosa: meu irmão menor, pouco se lembra do Dr. Odorino. Mas não é novidade, pq ele é desmemoriado mesmo. Mas a única coisa que ele se lembra, foi da vez que estávamos lá na mesa dele e ele olhando pra nossa cara verde-amarelo-não-patriótico e de repente o dr olha pro meu irmão e o chama pelo nome. Meu irmão levanta a cabeça e ......... bléééééééééeéééééé. Dá AQUELA VOMITADA. e quando vc é criança e vomita, dá uma puta vergonha.

Um comentário:

Ana paulino disse...

Esse sr. Foi meu primo d 2 grau, morreu em 13, trabalhou ate 12. A filha e médica, mas médico como ele e o irmão raros acharem eram médicos de alma não de dinheiro... A medicina virou dinheiro uma pena, belo texto